segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Viagem a Dubai

Acho que devo escrever alguma coisa sobre a viagem, mas estou sem inspiração, sem noção.
Acho que tenho que falar pra me acalmar, mas não sai, então vou escrever sobre Dubai.
Dubai destino do futuro tão presente, Dubai sonho dourado de muitos, de alguns decepção, necessidade de outros sem opção.
Dubai terra do sheikh que no seu doce deleite fez do sonho uma realidade.
É bonito, não vou negar, mas não convenceu. É um frenesi ir aDubai, que ainda não tem maioridade.
É excelente para engenheiros, arquitetos e gente com muito dinheiro, que com os sheiks negócios vão firmar. Empresas do mundo inteiro já estão fincando suas raízes por lá.
Terra do petróleo, da pujança, do ouro fácil, onde tudo se transforma da noite pro dia.
Lugar assim não sei por quanto tempo vai dar certo. É moda no mundo ir para Dubai , haja vista a quantidade de turistas que por lá circulam, todos buscando algo, não se sabe bem o que.
Até pouco tempo ninguém ouvia falar desse lugar. Dubai está hoje para o turista o que Cancun era há um tempo atrás .
Achei meio decepcionante pois ninguém viaja 15 horas de avião para ver prédios, a não ser profissionais do ramo;ouro não podemos usar; carrões de luxo são fartamente vistos pelas ruas impecavelmente pavimentadas.
Lugar onde tudo é maior do mundo, maior shopping, maior aeroporto, maior prédio, maior parque aquático, maior mercado de ouro, tudo superlativo. Vamos ver até onde vai a reserva de petróleo deles. Me pareceu uma cidade de faz de conta.
O famoso hotel 7 estrelas não é de fácil acesso, tudo fica muito distante do turista comum. Enfim, bastava ver Dubai através dos pps que recebemos para dar por visitada.
Lá só 20% da população é de dubaienses (não tenho certeza de é assim que se diz), o restante é tudo imigrante em busca de emprego e da realização de seu projeto de vida.
Ou seja, ganhar dinheiro e depois voltar para sua terra com as reservas guardadas.
Não sei quantos deles vão conseguir realizá-lo. Não se pode sustentar uma cidade calcada em pessoas que estão de passagem com prazo determinado, sempre com as malas prontas para ir embora, caso seja necessário.
Pobre países onde seus filhos os abandonaram para tentar a sorte em terras desconhecidas, por falta de esperança no futuro que virá.


Amizade que se vai
Hoje estou muito triste, vejo etapas da vida de duas amigas se encerrarem.
Chegando de viagem, pego o telefone, como sempre faço, e ligo para os amigos para saber as novidades locais e contar sobre as novas descobertas que fiz em terras nunca antes pisadas por mim.
Qual não foi minha decepção e tristeza quando falei com duas amigas, uma de longa data que participou ativamente das minhas viradas de vida e outra de não tão longo tempo, mas muito presente nos últimos acontecimentos que removeram meu interior e me fizeram renascer das cinzas com uma Fênix.
As duas por incrivel que possa parecer, estão com câncer.
A primeira já trava há três longos anos a batalha;o mal estava controlado pela quimio; mas agora veio o veredito:não pode mais operar.
A outra me disse assim, na cara, e olhe que eu já havia falado com ela antes, mas devido minha euforia relatando a viagem, ela preferiu não tirar o meu entusiasmo.
Ontem, no meio de uma conversa banal, ela falou que não viria ao Rio no final de ano pra gente tomar um chope, porque soube que seu exame deu positivo e que ia reformular seus projetos daqui pra frente , pois não queria perder a sua qualidade de vida.
Sou ansiosa, compulsiva, faço tudo muito.
As coisas pequenas me abatem, e as coisas grandes me abatem como um todo, o tempo todo. Sou visceral. Tem gente que é mesmo mais atingida do que outros pelos infortúnios e misérias da vida.
Acho que o que nos aflige são os outros.
Comecei a pensar na capacidade monstruosa que temos de inventar rituais para essa travessia tâo dura que é a vida.
Todos nós sabemos que a morte vem cedo ou tarde. Mas morte anunciada, com data pra chegar é ruim de sentir.
Estou enraivecida e comovida em ver como as pessoas conseguem dar sentido ao que não tem sentido: ter fé onde tudo falhou.
Tive um momento de reflexão:uma delas é casada com duas filhas querendo voltar no tempo e não ter constituido família, e a outra solterissíma e arrependida por não ter formado um lar com marido e filhos.
Duas vidas tão opostas e contraditórias.
"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso" (Mário Quintana).

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