quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mãe da minha mãe

Hoje com o avanço da medicina, que ficou mais acessível a qualquer pessoa, as pessoas estão vivendo mais, talvez pela qualidade de vida em si.
É bom por um lado, mas por outro, causa uma certa preocupação aos filhos, pois sabem que os problemas que acompanham a velhice são difíceis de conviver.
O idoso vai ficando cada vez mais dependente e os filhos precisam encaixar os pais novamente em seu círculo familiar. Se não você se vê obrigada a abrir mão da sua própria vida para cuidar dos pais.
Pelo menos é o que eles vivem dizendo." Dei minha vida por você!"Fica no ar uma mistura de dívida, culpa e amor.
Mas, acredite ou não, o envelhecimento não precisa ser tão sofrido nem tão doloroso.
Li há bem pouco tempo um livro, não sei se ficção ou realidade, onde uma filha odiava os pais pela dependência que isso lhe causava.
Não é facil ser pai dos nossos pais. Se voce arrumou uma briga para ficar longe deles, mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer.
Eles vão ficar velhos e vão precisar de sua ajuda. Se depender da aposentadoria, seus pais vão passar necessidades e mesmo com aposentadoria suficiente, nada garante que seus pais não precisem de você.
Quando chegar a hora de inverter os papéis, se prepare.
É duro abrir mão da condição de filho e passar a dar limites a quem lhe ensinou a ter limites.
Ser pai dos nossos filhos já dá um trabalho danado. Ser pai dos nossos pais é uma tarefa ingrata que realizamos de maneira sempre amadora e para a qual nós não estamos preparados.
Pois só por amor topamos essa longa caminhada. E bota amor nisso. E bota longa nisso.
Quando os pais perdem a autoridade, eles se sentem humilhados e inferiores diante dos filhos.
Eles que sempre ditaram normas para todos, hoje já não sabem decidir a roupa que vão colocar. Os filhos, por sua vez, detestam o novo cargo se assustam com tudo e passam a sentir saudades do tempo em que eram eles que levavam broncas dos pais.
Ao mesmo tempo em que vemos nossos pais envelhecerem e precisarem cada vez mais de nós, pensamos nos filhos que geramos e como será a vez deles.
A história muitas vezes se repete de maneira neurótica, mas não é isso que queremos.
Não é o que eu quero.
Não acho que consiga suprir o que meus pais precisam. Não tenho o tempo e espaço para tanta solicitação. Me sinto culpada por mais que me esforce. E olha que me esforço.
Hoje tenho que dizer para minha mãe que os seus verdadeiros pais morreram, e se ela não aprendeu a viver sem isso, não vai aprender mais.
O que não me impede de amá-la e fazer tudo o que estiver ao meu alcance.
Mas ser mãe eu só posso ser das minhas filhas. Esse ainda é o meu papel. O resto é improviso.

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