quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Só mata quem ama.

A violência nas relaçõs amorosas ocorre em todas as classes sociais.frequentemente depois de uma separação. Todos podem ser violentos, claro, mas em cerca de 98% dos casos a agressão parte dos homens. Muitas vezes as vítimas não percebem que correm perigo, mas tudo o que acontece em geral já vinha sendo anunciado por meio de ameaças e de comportamentos agressivos.
A tragédia que envolveu a jovem Eloá em Santo André,São Paulo, há pouco mais de um mês, trouxe à tona mais uma vez a violência nas relações amorosas. Naquele caso Eloá deu fim à união e seu namorado, ao que parece um psicopata, reagiu torturando e matando.
Os psicopatas não sentem culpa nem remorsos. São frios e planejam seus crimes. Sempre acham que agiram certo e que a vítima merecia o seu destino.
Mas não são só os crimes ou agressões físicas que caracterizam a violência nas relações. A violência verbal e psicológica também destroem a auto-estima, a segurança e o equilíbrio psíquico do parceiro.
Um crime em geral já vinha se anunciando por ameaças e agressividade. O agressor culpa o outro por precisar agir assim, mas a vítima parece que não acredita que corre perito, porque o agressor muda a toda hora e a trata bem na frente dos outros. Pedidos de desculpas, lágrimas e arrependimento fazem parte do jogo.
A violência é um processo que começa com a submissão da vítima. Já no namoro parceiros vivem uma fase de paixão e de sedução. Logo depois, porém, o homem violento começa a fazer exigências descabidas que vão minando a confiança da mulher. Diz frases como "você é burra", "você tem que deixar o emprego" ou "você não deve estudar". A mulher muitas vezes acaba ficando na dúvida.Passa a acreditar que é inferior e se submete aos desejos do parceiro. Às vezes de tanto ouvi-lo dizer que os amigos a invejam, se afasta deles.
Depois o homem a proíbe de ver a família, de se vestir como quer, de sair de casa mesmo. Vai desqualificando e dominando a mulher ao ponto dela não ser mais capaz de reagir.
Não se trata de masoquismo ou de querer sofrer, é uma espécie de condicionamento, de incapacidade de reação. O homem não aguenta frustrações, é egoísta e sempre culpa os outros por seus problemas. Muitas vezes usa drogas e ameaça a parceira dizendo que vai abandonar a casa ou os filhos ou vai se matar.
Esse tipo de violência paraliza a companheira que não consegue superar a manipulação, porque além da tensão de viver com a ameaça, se julga culpada pela infelicidade do parceiro.
Mas como deve agir quem convive com um companheiro violento? O começo de tudo é admitir que a violência existe. Infelizmente a maioria das mulheres não percebe a violência psicológica, só a física. Devemos mostrar para a mulher que esses comportamentos não são normais. Também é importante esclarecer que ela não é culpada pelo que ocorre. Ele diz que ela é culpada mas isso não pode ser aceito, não pode ser introjetado.
A mulher precisa deixar claro que as agressões são inaceitáveis e colocar limites logo nas primeiras manifestações de ciúmes. Quem ama não aceita tudo, ao contrário, ajudar o outro a mudar e estabelecer limites também são provas de amor.
Diz-se que "quem ama não mata", mas quem ama mata sim, como vimos em Santo André e em inúmeros outros casos.
Um ex-namorado rejeitado para não perder o objeto de seu amor doentio preferiu matar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo em gênero número e grau com o texto, e digo mais, está na hora das mulheres reagirem, pagando com a mesma moeda e fazer o mesmo com os homens machões.