sexta-feira, 6 de março de 2009

Ensino de mentiras

Li um artigo sobre educação em São Paulo, na revista Veja da semana passada, onde o articulista faz a pergunta que não quer calar. Como 15OO professores que erram todas as perguntas feitas num exame para avaliar sua capacidade são autorizados a dar aulas na escola pública? Vão ensinar o que?
O mais espantoso é que o sindicato da categoria alegou que se tratava de "uma provinha", e recorreu à Justiça, convencendo uma juíza da Fazenda Pública a suspender, através de liminar, a aplicação dos resultados dos testes.
Segundo a Secretaria de Educação, que desistiu de recorrer da decisão, sob a alegação de não tumultuar o início das aulas: fica assim mesmo e depois se vê o que vamos fazer.
Parece mentira, mas é a pura verdade. Como será que se sentem os pais dessas crianças, cujos professores por força de uma liminar, insistem em ensinar aquilo que não sabem. O que será que esses professores vão fazer em sala de aula? A juíza e o sindicato acham justo preservar o emprego dos "notas zero"? Será que pensariam da mesma maneira se fossem esses os professores de seus filhos? Pais que perdem dias em intermináveis filas para garantir uma vaga para seus filhos em escolas públicas, deveriam merecer um pouco mais de respeito por parte da Secretaria de Educação de São Paulo e pelo sindicato dos professores.
Causa espanto a juíza acatar a liminar sem ao menos levar em conta o futuro dessas crianças.
Mas quem se importa? São crianças pobres. Estão na escola só para inglês ver. Escola de faz de conta, apenas mais uma maneira de gastar verbas para a atual Secretaria de Educação, sim, pois eles precisam justificar os gastos, não é mesmo?
Às secretarias só interessam as verbas, salários baixos de professores, partilhas de cargos e lá no final , quem sabe, a função de ensinar.
A juíza não se importou, porque os seus filhos, certamente estão bem amparados em colégios, onde professores nunca foram reprovados e nem amparados por liminares esdrúxulas. Com essa atitude aumenta cada vez mais a desigualdade social.
Talvez seja esse o objetivo dos que permitiram esse tipo de escândalo na educação da rede pública de São Paulo, onde pequenos inocentes já começam enganados, pensando que estão aprendendo a ser alguém e que algum dia terão um país mais justo.
Causa espanto e admiração um sindicato de uma categoria, como a de professores, que são a base da educação infantil, se prestar para esse tipo de enganação. O nome disso é exclusão social.
O governo quer a todo custo nivelar o Brasil por baixo, quando apresenta o programa de inclusão social com a famigerada Bolsa Família, que na verdade exclui os menos favorecidos de um ensino digno e de educação que habilite a criança à sobrevivência. O governo não tem um programa geral de ensino publico capaz de absorver todas as crianças que se encontram fora da sala de aula.
Há ainda outro fato inusitado que aconteceu também em São Paulo, onde novamente por conta de uma liminar, seis bacharéis em Direito foram reprovados na prova da OAB, e obtiveram as suas inscrições garantidos pela justiça. Isso é Justiça? Que tipo de profissional ele será no futuro?
Com esse método perverso de exclusão social, o governo faz propaganda política na mídia de que dimimuiu o número de analfabetos, quando só faz incluir cada vez mais os pobres na pobreza. Infelizmente não há perspectiva, pelo menos a curto prazo, de que esse cenário tenha um final feliz.
Pobre dos que dependem do ensino público num país chamado Brasil.

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