quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Filme premiado

Muito bem! Acabou o carnaval e começou o ano 2009 de verdade.
Para mim que não saí do Rio, o carnaval serviu apenas e tão somente para descansar, apesar do barulho provocado por diversas bandas em toda zona sul.

À praia não vou, está sempre lotada, suja e sem segurança, e mais, praia no Rio é maratona, sofrimento e não divertimento. Tem frescobol, altinho, (futebol jogado com a cabeça) por marmanjos que não respeitam nem crianças, aluguel de cadeiras impostas pelos donos da praia. Sim porque, eles loteiam a nossa praia. Sem chance ir à praia em Copa ou em qualquer outra.
Mas voltando ao assunto cinema, aproveitei para colocar os filmes em dia, já que no circuito tem uma boa safra de filmes na onda do Oscar. Vi quase todos os filmes que concorreram ao prêmio da Academia, porém o que mais gostei foi "Quem quer ser um milionário?". Apesar de algumas críticas negativas adjetivando o filme de muito hollywodiano, o filme é incrível e penso que pouca gente entendeu a sua mensagem ou foi a minha impressão pelo comentários ouvidos na saída.
Amei o filme, achei uma boa surpresa: um filme que fala de miséria, de favela, de violência, e de perda mas, em vez de fazer drama quer provocar alegria. E consegue. É um filme sensível, romântico sem ser piegas e que deixa no público uma vontade de saber o que aconteceu depois dos créditos. Fiquei esperando que a história continuasse.
O filme Quem quer ser um milionário? (inspirado no livro Sua resposta vale um bilhão, do indiano Vikas Swarup, lançado no Brasil pela Companhia das Letras) é uma celebração e tem sido unânimemente entendida como tal. Filme que rendeu vários prêmios e uma bilheteria americana surpreendente é contagiante - e não manipulativo, como poderia ter se tornado. É também um linda história de amor e uma história de vida.
Surge na nossa mente uma inevitável comparação com "Cidade de Deus", apenas por um motivo, ambos falam de pobreza e favelas. Mas está muito longe de ser mais uma película caça niquéis que tranforma bandidos em heróis. Jamal lida com situações que se apresentam com os meios de que dispõe; não vê a si mesmo como vítima e não dá valor ao dinheiro, mas também não se conforma. É alguém que quer ir em frente, não tem nada a perder e mira no melhor.Ele não está preocupado apenas com o prêmio de 20 milhões de rúpias, o melhor para ele é tirar Latika da situação que deixou para trás, mas da qual ela ainda não conseguiu sair.
Claro que a aventura de Jamal é uma fábula, mas perder-se nesses desvios, porém, implica perder também tudo aquilo que o filme tem de melhor.
Mais da metade dos 19 milhões de habitantes de Mumbai mora em favelas como a de Dharavi, que serviu de cenário á produção, onde casebres desgraçados se equilibram entre lagoas de excrementos e montanhas de lixo, que concentram uma parte importante da atividade da cidade, e não são povoadas por gente que só pensa na própria tristeza o tempo todo. À maneira indiana, elas são uma possibilidade tratável de vida.
Por fim, Mumbai é uma espécie de cristalização do instante singular que a Índia atravessa, a meio caminho entre a pobreza e um modo de vida ancestral e um desenvolvimento econômico avassalador.
As favelas apresentadas no filme parecem assustadoras até para o padrão brasileiro, mas não vai demorar muito, e, me atrevo dizer, bem menos que um ano, o Rio de Janeiro vai estar muito pior do que as favelas do filme, haja vista as comunidades que circundam as linhas vermelha e amarela. Tudo isso sem falar nos subúrbios, que segundo informações de pessoa de minhas relações, que trabalhou no alto comando de segurança pública, onde já existe toque de recolher há muito tempo, e não há policiamento suficiente para todos. Então salve-se quem puder.

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